Apolipoproteína B
, uma molécula que tem mostrado uma correlação ainda mais precisa com o risco de aterosclerose do que o LDL colesterol, tradicionalmente utilizado para avaliar a saúde arterial. Essa descoberta está mudando a maneira como os profissionais de saúde abordam a prevenção e o tratamento de doenças cardíacas.O papel da Apolipoproteína B na Saúde Cardiovascular A Apolipoproteína B (ApoB) é uma proteína presente no colesterol LDL (Low-Density Lipoprotein) e em outras moléculas lipídicas responsáveis pelo transporte de colesterol e triglicerídeos. Estas moléculas lipídicas são consideradas ateroscleróticas, ou seja, contribuem para a formação de placas nas artérias, que podem levar à obstrução do fluxo sanguíneo e, eventualmente, a eventos como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Estudos recentes indicam que a Apolipoproteína B pode ser um marcador mais preciso para o risco de aterosclerose do que o próprio LDL colesterol. Isso ocorre porque cada partícula de ApoB corresponde a uma partícula potencialmente aterosclerótica, enquanto o LDL colesterol mede a quantidade total de colesterol, sem diferenciar o número de partículas envolvidas no processo aterosclerótico.
“Na prática clínica, a Apolipoproteína B nos dá uma visão mais clara da quantidade de partículas lipídicas que estão de fato promovendo o acúmulo de placas nas artérias,” afirma o Dr. Julio Bissoli, urologista particular. “Por isso, temos considerado cada vez mais sua dosagem em pacientes de risco.”

A aterosclerose, condição na qual ocorre o acúmulo de placas de gordura nas artérias, é uma das principais causas de doenças cardíacas, sendo responsável por milhões de mortes no mundo todo anualmente. Identificar precocemente os indivíduos em risco de desenvolver aterosclerose é um dos principais objetivos dos check-ups de saúde. Até recentemente, o LDL colesterol era o principal biomarcador utilizado para avaliar o risco, mas a introdução da Apolipoproteína B pode oferecer um panorama mais acurado.
Pacientes com resistência à insulina, obesidade e histórico familiar de doenças cardíacas estão entre os mais indicados para realizar a dosagem da Apolipoproteína B. Isso ocorre porque, nesses grupos, o número de partículas ateroscleróticas pode estar elevado, mesmo que os níveis de LDL colesterol estejam dentro dos parâmetros considerados normais. “Muitas vezes, esses pacientes apresentam níveis de colesterol dentro do esperado, mas quando dosamos a ApoB, encontramos um número elevado de partículas que contribuem para a aterosclerose”, explica Dr. Julio Bissoli.
Essa descoberta tem implicações importantes para o tratamento. “Quando detectamos níveis elevados de Apolipoproteína B, mesmo em pacientes com LDL aparentemente controlado, temos base para iniciar o tratamento com estatinas de maneira precoce,” comenta o especialista. Isso significa que a intervenção pode ocorrer antes mesmo que o paciente apresente sinais evidentes de doenças cardíacas, reduzindo significativamente o risco de eventos graves, como infarto.
Apolipoproteína B nos check-ups de rotina A dosagem da Apolipoproteína B ainda não faz parte dos check-ups padrão da maioria dos pacientes. Diversos estudos têm apontado que incluir esse exame no monitoramento de pacientes com fatores de risco pode melhorar as taxas de diagnóstico precoce e tratamento de doenças cardiovasculares.
“Essa é uma ferramenta que vai se tornar cada vez mais comum nos exames de rotina, especialmente para pessoas que têm predisposição genética ou condições metabólicas que aumentam o risco de aterosclerose,” ressalta Dr. Bissoli. Ele destaca que a medicina preventiva caminha para personalizar cada vez mais os tratamentos com base em marcadores mais específicos, como a Apolipoproteína B, ao invés de depender apenas de parâmetros amplos como o LDL colesterol.
O futuro da prevenção cardiovascular A inclusão da Apolipoproteína B nos exames de rotina é um avanço na medicina preventiva, mas também levanta questões sobre a melhor maneira de utilizar essas informações no dia a dia da prática clínica. “É um exame que, por enquanto, ainda é subutilizado, mas estamos vendo uma mudança rápida nesse cenário”, destaca Dr. Bissoli. “Acredito que, em breve, ele será considerado essencial para a avaliação de risco cardiovascular, especialmente em indivíduos com comorbidades como diabetes e obesidade.”
Com a adoção de novos exames, espera-se que o tratamento de doenças cardiovasculares se torne mais proativo, atacando o problema antes que ele se manifeste em complicações graves. A medicina preventiva, portanto, continuará a evoluir, oferecendo novas ferramentas e estratégias que permitirão identificar e tratar fatores de risco antes mesmo que os sintomas apareçam.
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