O exame de toque retal é uma ferramenta essencial para a detecção precoce do câncer de próstata, a segunda principal causa de morte por câncer entre homens no Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer). Apesar de sua importância, o exame ainda é cercado por preconceitos e tabus que afastam muitos homens do consultório médico.
A resistência em realizar o procedimento está profundamente enraizada em questões culturais, muitas vezes associadas a conceitos equivocados de masculinidade. Para muitos, o exame é visto como algo invasivo ou até embaraçoso, o que pode gerar constrangimento e levar ao adiamento da consulta. No entanto, o Dr. Julio Bissoli, reforça: “O exame de toque retal é rápido, indolor e salva vidas. É um ato de cuidado com a saúde, não uma ameaça à masculinidade.”
O câncer de próstata é muitas vezes chamado de “inimigo silencioso”, pois nos estágios iniciais raramente mostra sintomas perceptíveis. Quando detectado precocemente, as chances de cura superam 90%. “O exame de toque retal permite ao médico avaliar o tamanho, a textura e possíveis alterações na próstata que podem indicar a presença de um tumor. É um complemento essencial ao exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico) para uma análise mais completa”, explica o Dr. Bissoli.
Determinando a idade para o primeiro exame
A detecção precoce do câncer de próstata é um tópico importante na medicina moderna, e a faixa etária de 55 a 69 anos é frequentemente enfatizada como o período mais crítico para o rastreamento. Esta recomendação é fundamentada em uma série de estudos clínicos e epidemiológicos que demonstram os benefícios significativos do diagnóstico e tratamento precoces nesta faixa etária.
Estudos como o European Randomized Study of Screening for Prostate Cancer e o Prostate, Lung, Colorectal, and Ovarian Cancer Screening Trial forneceram evidências robustas nesse sentido, mostrando uma redução na mortalidade específica por câncer de próstata e a necessidade de tratamentos menos invasivos quando a doença é detectada precocemente.
No entanto, é crucial notar que homens fora desta faixa etária também estão em risco. Recomenda-se que a partir dos 40 anos ou mais comecem a discutir o rastreamento com o seu urologista, principalmente se possuírem fatores de risco adicionais. A história familiar de câncer, especialmente de próstata, mama, ovário ou pâncreas, é um fator de risco significativo. Homens com parentes de primeiro grau diagnosticados com esses tipos de câncer têm um risco aumentado, o que justifica um início mais precoce e uma abordagem mais intensiva no rastreamento.

Além disso, estudos como os publicados no “Journal of Urology” e na “Prostate Cancer and Prostatic Diseases” destacam que homens de ascendência africana têm um risco mais elevado de desenvolver câncer de próstata em idades mais jovens. Essa população tende a apresentar diagnósticos em estágios mais avançados e com prognósticos piores. Portanto, para esses indivíduos, recomenda-se iniciar o rastreamento mais cedo, potencialmente já aos 40 anos ou antes, dependendo do contexto clínico e dos fatores de risco individuais. Estas questões são discutidas durante a consulta.
É importante enfatizar a importância da decisão compartilhada entre médico e paciente, considerando os riscos e benefícios individuais do rastreamento, especialmente em grupos de alto risco.
A detecção precoce do câncer de próstata é uma ferramenta poderosa para combater essa doença silenciosa e, frequentemente, devastadora. A decisão de quando iniciar o rastreamento deve ser personalizada, considerando fatores de risco individuais, histórico familiar e discussões abertas com seu médico. Não hesite em abordar o tema e se informar, afinal, a informação e a proatividade são as melhores defesas contra o câncer de próstata.
A saúde masculina precisa ser tratada com seriedade e sem preconceitos. Dr. Julio Bissoli reforça que uma mudança de mentalidade é fundamental. “O maior ato de coragem que um homem pode ter é cuidar da própria saúde. O toque retal não define a masculinidade de ninguém, mas pode determinar sua qualidade de vida e até salvar sua vida.”
Se você tem mais de 40 anos ou possui histórico familiar de câncer de próstata, não adie sua consulta. Sua saúde vale mais do que qualquer preconceito.
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